O período entre os Jogos Olímpicos e os Paralímpicos sempre desperta um maior interesse em acompanhar mais de perto algumas modalidades que não costumam ter tanta visibilidade.  Com o interesse, uma questão invariavelmente acaba surgindo: “esse pessoal não se machuca? E como faz se eles tiverem alguma lesão durante o torneio?”

As respostas são bem simples: Sim, eles também se machucam. E sim, eles fazem fisioterapia.

A grande diferença é que a exigência de recuperação destes atletas acaba sendo maior e mais rápida do que a de um sujeito “normal”. Na maioria dos casos eles precisam ficar bem logo para o dia seguinte ou para dois ou três dias. Por outro lado, a resposta fisiológica desses atletas acaba sendo mais rápida também.

Durante os jogos de Tóquio vimos um caso emblemático com uma atleta da nossa seleção de voleibol feminino, a Macris. Ela sofreu uma entorse de tornozelo no dia 29/07 , durante a partida contra o Japão pela 3ª rodada da competição, e conseguiu se recuperar de modo a treinar no dia 02/08 e disputar parte da partida no dia 04/08.

Qual a mágica? Na verdade, não existe mágica.

Em entrevistas a portais de esportes, o fisioterapeuta da seleção brasileira, Fernando Alves, contou que realizou um trabalho importante e continuado de drenagem da região afetada para minimizar o inchaço (que é comum após este tipo de lesão).

Além disso, uma bandagem de proteção também foi utilizada para que ela voltasse a atuar em poucos dias. Certamente a combinação do excelente trabalho realizado associada com a condição da própria atleta propiciaram o retorno rápido, bem sucedido e seguro.

E o caso dela não é o único relato de atletas que retornam a competições em poucos dias depois de sofrerem lesões importantes. Um caso clássico é o do jogador italiano de futebol Franco Baresi, que passou por uma artroscopia de joelho durante a Copa de 1994 e disputou a final do torneio contra o Brasil como titular (e ainda errou um dos pênaltis que deu o titulo ao Brasil).

Cada caso é um caso diferente e cada pessoa responde ao tratamento proposto de forma diferente. De forma geral, mas não como regra, algumas técnicas de drenagem manual em casos de edema, terapia manual para casos em que haja restrições da mobilidade, condutas analgésicas para dor e treino de controle neuromuscular costumam produzir bons (e rápidos!!) resultados.

Mesmo assim os riscos existem (o de agravar a lesão, por exemplo) e o contexto deve ser considerado: você está disputando uma Olimpíada? Sim! Então podemos (ou não) arriscar. Se não está, o contexto de risco/benefício deve ser ainda mais levado em conta.

A boa Fisioterapia pode ajudar muito nesses casos, mas o retorno extremamente rápido, além de ser arriscado, deve ser considerado apenas em alguns casos. Converse sempre com seu fisioterapeuta, seu médico e seu treinador para saber o que deve ser feito caso você tenha uma lesão, ok?

Texto: Fábio Conrado, fisioterapeuta Kinex